E quase tudo começou
com assim:
O Coletivo Onírico
lhes convida a participar de uma Intervenção Urbana* que sairá
pelas ruas expurgando seus anseios, desejos, questões, inquietações,
revoltas , vergonhas…
Teremos como mote:
O SONHO…
O
EXCESSO!
O
RISCO!..
Ou começou bem antes, com a participação de Lis na oficina de Nina Caetano. Ou antes ainda, com o desejo de tomar as ruas, provocar o sonho acordado, e com a vontade de chaqualhar os corpos viciados no previsível e morno dia a dia. Para, além de destrinchar os temas que permeiam nossa próxima montagem e também para trillhar o caminho para nossa identidade
enquanto grupo, motivos não faltavam para justificar essa vivência.
Sobre Sonho Risco e Excessos.
Elaboramos então uma oficina / vivencia que tratasse desses temas. E depois de muitas reuniões para elaboração da mesma, muitas datas adiadas, convite feitos e a anciedade, e como diz Henrique: “Penso que o coletivo faz tudo ao mesmo tempo: atua e produz, canta e confecciona, mora-ensaia-trabalha, pinta o cenário e controla as finanças.”
E por que não uma oficina de intervenção urbana?
Acreditamos que informação e formação compartilhada é multiplicada e aperfeiçoada por todos que dela se apropriam. Com essa oficina / vivência, não queriamos passar informações , definir ou ensinar o que vem a ser uma “intercenção urbana”, conceito que a cada dia toma uma amplitude significativa. A idéia era explorar ao maximo esse tres temas e sobre eles criar imagens , figuras , situações.
Encerrariamos com a exposição em praça pública . Também queriamos coletar materiais e experiência pra nossa próxima criação o Ketelyn, aí nada melhor que compartilhar nossos anseios
e visoes desses temas com outros artistas e amigos.
E Finalmente chegam os inscritos e as atividades. Para adentrar aos
temas passamos por Exercicíos de relaxamento conduzido, ciranda, cantoria e exercicios de espacialidade. Tambem exibimos trechos de filmes como Coraline de Tim Burton, Waking Life
de Richard Linklater, História das Coisas de Annie Leonard, material que vém nos acompanhando nos processos de criação do Ketilyn.
A partir daí duvidas e ideias compartilhadas estouram como pipocas.
Qual é meu sonho?
O que é sonho? Eu me arrisco pelo meu sonho? A busca incessante pelo
meu sonho gera hábitos excessivos? Pelo que eu me arrisco?
“ADeriva”
Com todas a ideias na cabeça saimos então as ruas e, agora, não se utilizando dela como um simples lugar de passagem, e sim deixando que ela e seus elementos nos conduzam as ações.
“Talvez o risco ainda seja o que mais mexeu comigo.
E me fez pensar em toda azona de conforto que eu (nós)
me (nós) encontro (encontramos). Não digo somente no
privilégio de termos uma casa, um carro, um emprego…
isso é saudável e, para muitos, exemplos e situações
necessários. Mas dentro disso o risco talvez faça com
que vivamos mais intensamente e isso pra mim é o que
mais ficou e que penso em investir. Risco de ousadia,
de mudança (seja grande ou pequena), do diferente,
do novo, do “sempre prazer”…”
Comer grama, engatinhar na rua, se esconder em um arbustro, esperar o onibus em cima do ponto, conversar com os moradores, usar o poste como o mastro de um naviu, rolar enrolada num grande plástico e se quedar como um corpo morto. Tudo pode até que se diga o contrário ou mesmo se disserem , pra nós, ainda pode. Percebemos também o grande deserto que é a rua em um fim de semana. As pessoas evitam o risco preservando-se em seu lugar de conforto. Andando pelas calçadas ouvimos o mesmo som vindo de dentro das casas: Luciano Huck, Locução de futebol e similares, misturados ás xicaras postas nas mesas do café da tarde. Os moradores, em suas casas, preservam as grande praças sem ninguém.
E assim provocamos o ambiente urbano e publico e por eles fomos provocados.
As criações em Praça Pública.
No fim de semana seguinte seria mais, seria a praça em pleno Sábado, seria sabe-se lá o que, apesar do prévio combinado “circo ou feira dos horrores”.
E para isso criamos nossos motes e nossa vestimentas: Henrique Dutra (Super Huper), Lis Nasser (Mulé), Maria Clara (Mulher leiteira), Dinho (Urso Mágico) Ana Paula Piunti (Sereia do Agreste), Lia Nasser (Mulher Antenada); assim batizados por Lis. Também contamos com a
participação de Gustavo Schiezaro nas fotografias e Mariana
Schiezaro na defeza e proteção para caso ouvesse necessidade.
Na praça também havia uma roda de capoeira e umas barraquinhas de cacarecos, o que caracterizava aquele ambiente como um espaço de convivência e não apenas de passagem.
E assim começamos, com todas as caraminholas na cabeça
e as borboletas no estomago, a procurar, à provocar e ser provocado,a ocupar e compartilhar
É preciso criar um
estado para ir para a rua.
Eu me sentindo pouco a vontade, talvez
indisposto corporalmente.
A roupa também não ajuda muita, ela é
bonita, mas é desconfortavel, tenho medo
que ela caia ou rasgue. Estar disposto,
arriscar, estar mais seguro, preparar-se, PRÉ –
PARAR – SER = para ser, pensar antes, melhor.
(Henrique)
E assim dominando o espaço,
houveram as mais diverss reações , muitas duvidas espressadas pelo público:
“O objetivo era bem egoísta, queríamos
sentir a rua de uma forma não cotidiana e pessoal” (Henrique)
Um homem se sentindo provocado pela figura da Ana, a nossa Sereia na piscina de lixo, se sentiu a vontade para falar de seu amor.
Hove quem falou de seus sonhos, houve quem passou , quem escreveu quem desdenhou, hove de tudo naquele dia. Super homens , super mulheres , bagunçaram o olhar de um sábada de manha na cidade de Valinhos. O coletivo Onirico agradece a todos os participantes dessa vivencia que muito nos ajudou e somou na nossa história. E um agradecimento de Lis: