Vivemos dizendo que o teatro é a arte do encontro. Não se sabe bem de onde vem essa máxima: da relação do público com o ator, da relação entre os atores desde o ensaio até as apresentações, do público com o próprio público que ali se encontra (e se a apresentação for umas 19hr, há uma grande chance de uma esticada no bar mais próximo depois). Fato é que, para o Coletivo Onírico, fazer teatro, com todas as suas dores e delicias tem sido realmente isso: encontrar.
A busca pelo outro, pelas suas possibilidades de nos atravessar, pela troca, vínculo, parceria e criação nos move, fomenta e vira matéria para o que queremos comunicar (ou a o menos, tentamos). Não que essa seja uma tarefa fácil, afinal, nessa sociedade neoliberal, pós moderna (ou seja lá como queiramos nomear esta época onde estamos vi-vendo) “as experiências estão deixando de ser comunicáveis” conforme nos lembra Benjamin (1994)*
[Entre] encontrar um espaço para o desenvolvimento de nosso trabalho, ou um captador que possa desembolar nosso Proac ICMS aprovado, ou ainda mais simples (ahn?) encontrar outros horários em comum (três encontros semanais não tem sido o suficiente…) nos detivemos a planejar um outro encontro: um intercambio com o nosso conterrâneo ufopiano, o Guto.
Guto Martins é diretor teatral formado pela UFOP ( Universidade Federal de Ouro Preto), berço de boa parte dos atores que compõem o Coletivo. Há dois anos é membro do Estúdio Internacional de Teatro Físico Farm In The Cave (Republica Tcheca), desenvolvendo com eles uma pesquisa da fisicalidade do ator para cena, com referências no Novo Circo, musicalidade e dança contemporânea.
O Rafael, nosso diretormagiaincansável, propôs que fizéssemos uma oficina com ele, de maneira que pudéssemos absorver parte dessa vivência para o espetáculo que estamos em processo de montagem: [A Cidade Do Entre]. Paralelo a isso, trocarmos também com o Transitório 35, coletivo este que também faz parte dessa diáspora mineira, nicho que aglomera amigos queridos formados na mesma universidade que nós, e que desenvolvem um trabalho baseado na pesquisa de corpo, identidade e novas dramaturgias. O proceso de montagem que o Transitório 35 esta desenvolvendo chama-se “Ceci n’est pas une pipe {Este não É um cachimbo}”, que assim como nós, tem o Rafa na direção e dramaturgia.
Nos dias 27 e 28 de abril, imbuídos desse querer, dessa vontade louca de trocar e fazer, nos encontramos no Ipiranga em São Paulo, na sede do Grupo Heliópolis. Durante esses dois días, percorremos um caminho que nos possibilitasse novas descobertas expressivas. Colocando o corpo para combinar nossas energias e formas, codificando esses resultados e expandindo nossos espaços internos, criávamos uma matriz que estabelecesse pontes com as bases criativas já desenvolvidas em sala de ensaio e intervenções nas ruas.
Mais informações sobre o Farm in The Cave podem ser conferidas neste endereço: http://farminthecave.bandcamp.com http://infarma.info/
Sobre o Transitório 35, eles tem um perfil no face: http://www.facebook.com/transitorio35#!/transitorio35
*BENJAMIN, Walter. O narrador. In: Magia e Técnica, arte e política. São Paulo: ed. Brasiliense, 1994.
Texto e fotos: Henrique Dutra
Yeah babies!
Excelente workshop!! Obrigado pelo convite