Uma performopalestra, um ritual, um espetáculo teatral…
Lis Nasser
O espetáculo Mátria Amada integra a nova fase do Coletivo Onírico, quando seus atores fundadores seguem em busca de aprofundar suas pesquisas individuais. Foi fruto de uma pesquisa de criação em poéticas da cena desenvolvida no Mestrado da atriz pesquisadora na Pós Graduação em Artes da Cena na UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas, concluída em Fevereiro de 2019. Orientada por Verônica Fabrini a pesquisa também contou com a colaboração de alguns parceiros e diversos provocadores, dentre eles os membros do Coletivo Onírico de Teatro.
Mátria Amada: Uma Re(criação) Mitoperformativa das Mulheres Brasileiras, investiga as tensões que constroem as identidades das mulheres brasileiras contemporâneas, a partir de uma reflexão que tem como ponto de partida o processo de colonização que origina o país e como isso afeta a realidade sociopolítica das mulheres brasileiras hoje, tendo como referencial para essa discussão a perspectiva dos feminismos, em especial o feminismo decolonial. Trata-se de uma dissertação-criação (FORTIN, 2014) com abordagem teórico-prática em teatro performativo. No campo teórico, a pesquisa busca delinear tanto uma epistemologia, um modo de conhecer, quanto uma poética, um modo de fazer, apoiados na crítica feminista. No campo prático-experimental, é realizado um processo de criação que tem como ponto de partida três arquétipos femininos presentes nos seguintes mitos: YebáBuró, Lilith e Nanã Burucu. Busca-se referendar as três principais matrizes culturais do Brasil, compreendendo-as como: indígena, europeia e africana. Nesta Re(criação) em teatro performativo, os três mitos atuam como disparadores para a problematização do imaginário sobre as mulheres brasileiras. Para a delimitação dos conceitos de teatro performativo e programas performativos, recorro a Féral (2015) e a Fabião (2008); e revisito o conceito de programa performativo em seu cruzamento com o conceito de teatralidade liminar, por meio do pensamento de Diéguez (2011) e Lyra (2011), encontrando-me, desse modo, com o termo mitoperformativo. A compreensão da formação da(s) identidade(s) da mulher brasileira como parte do processo de colonização é apoiada sobretudo em Lugones (2014) e Federici (2017).
Ficha Técnica
Criação e Atuação: Lis Nasser
Orientação: Verônica Fabrini
Figurino: Ângela Sauerbronn
Iluminação: Denis Kageyama
Operação de som: Flávia Felíce
Provocadores: Coletivo Onírico de Teatro, Henrique Leonardo Dutra, Maria Clara Teixeira, Elisa Abrão, Pâmella Villanova, Larissa Santana, Erika Cunha, Adriana Rolin, Adriana Gabriela Santos.
Sinopse: Existe identidade de mulher brasileira? Que histórias nos atravessam? Em formato híbrido de performopalestra, ritual pessoal e teatro mitoperfomativo, por meio de mitos que trazem figuras arquetípicas femininas, Mátria Amada traz uma reflexão sobre a origem das mulheres brasileiras e como elas ecoam em nossas vidas hoje.